Ao ecoar os primeiros acordes carnavalescos, juntei minhas precárias economias somadas a meus pertences de primeira necessidade, e ladeado pela minha senhora parti rumo ao litoral.
Ao percorrer a BR-230 resolvi subir pela BR-101, com destino a Natal, daí lembrei que muitos amigos já tinham me falado sobre
Pipa, praia em solo potiguar, como estava sem destino mesmo, fui ver o que danado tem de tão bom naquele lugar.
A primeira vista Pipa choca, não pelas belezas naturais (que não vi nada de esplêndido), mas sim, pelo alto preço dos serviços, seja pousadas, bares, mercadinhos e etc. Tudo na região é muito caro, assim, de imediato pensei em pular fora do litoral norte rio-grandense. Contudo, resolvi ficar.
Ao andar pelas ruas estreitas daquela cidadezinha litorânea fui começando a entender o porquê dos preços abusivos, vi um distrito pequeno, mas limpo, apesar de na praia não ter número adequado de lixeiras, raramente via lixo na orla.
O controle do tráfego muito bem organizado pela Polícia Militar, onde não se via som de carro ligado em nenhum ponto da Vila, pois ao entrar em Pipa com o volume alto, a “playboyzada” tomava um enquadramento da autoridade policial.
Pipa oferece uma rede diversa de restaurantes e opção de visitação com ambientes múltiplos, seja o ecoturismo, passeio de
paraglider, boates, área para
camping, ou ainda, os inúmeros barzinhos que agradam as mais diferentes tribos.
Ao prolongar minha estadia no Rio Grande do Norte, simultaneamente fui me lembrando do que via nos carnavais em território paraibano, e realmente é lamentável para nós tal comparação.
O litoral paraibano não tem a mínima infra-estrutura para receber um grande contingente de turistas, falo daquele povo que chega com os bolsos amarrotados de Euros, nossas praias raramente são visitas pelos escandinavos, povo que congestiona pontos turísticos potiguares, como é o caso da praia aqui citada.
Ao dimensionar a “estrutura” de pontos festivos na costa paraibana, sempre nos lembramos de Baía da Traíção, Lucena e Jacumã. Três praias belíssimas que estão fora da rota turística internacional, pois é redundância falar da desorganização absoluta destes pontos de veraneio. No máximo o que se ver nestes balneários são Agentes de Trânsito tentando disciplinar o congestionamento crônico, servidores estes (salvo raríssimas exceções) que vêm sedentos por propinas e outros afagos de ordem financeira e criminosa.
O lixo impera nos três dias do reinado de Momo na “rota da farinha” paraibana, além do caos vivenciado pelos transeuntes, ainda tem o alto índice de criminalidade, com pequenos furtos acontecendo a todo instante, sem contar, na recorrente falta d’água, quando as três praias não disponibilizam se quer água potável de maneira adequada, isso porque não citei as quedas de energia elétrica.
Infelizmente, apesar de possuir o litoral mais belo da
Confederação do Equador, a Paraíba apanha feio no que diz respeito à logística para receber os foliões de outras regiões, mais ainda, a comunidade internacional, a qual, como já foi dito, vem cheia de simpatia e milhares de euros, dólares, libras para torrar.
A Paraíba independente de governos estaduais ou municipais, nunca teve um projeto turístico minimamente planejado, aqui sempre impera comerciais televisivos, onde se mostra o que só existe durante a filmagem publicitária, ou ainda, as dezenas de cargos comissionados que se encastelam na PBTUR em troca do contracheque no estado, e por serem agregados de famílias prestigiosas, não têm o menor compromisso com a causa em análise.
Tem que haver planejamento, cujo objetivo, prime pela formação de um complexo turístico o qual disponibilize Casa de Câmbio, Aluguel de Automóveis, Marina, e uma programação musical que vá além dos plágios das “canções” pornográficas da Bahia e do Ceará.
O turismo por aqui mal consegue engatinhar, nosso litoral precisa urgentemente de um balneário que ao menos, comece a oferecer concorrência aos locais consagrados, a exemplo, Pipa (RN) e Porto de Galinhas (PE). Belezas naturais para isso a Paraíba tem de sobra, o que falta é planejamento governamental.