quarta-feira, 11 de março de 2009
Ricardo & O Trem
Nas últimas semanas a peleja que começou com um, a priori, simples desentendimento entre Coutinho e o Dep. Guilherme Almeida, acabou por ganhar dimensões consideráveis.
Ao começar pelo fato da imediata aceitação do deputado campinense ao convite feito pelo governador para assumir a Secretaria de Interiorização do Estado. A partir do momento que Guilherme disse sim ao Zé, atropelou o núcleo da bancada em JP, e mais, não só ignorou a direção do Partido, como “peitou” e venceu a turma de Ricardo.
Com o desfecho que vai se delineando neste caso, Coutinho saiu enfraquecido, um Deputado Estadual simplesmente fechou os olhos para suas indicações, e estar para assumir o cargo no Estado, a contragosto do presidente do partido e Prefeito da Capital.
A apresentação do transtorno já foi feita. O meu objetivo neste texto não é enfocar esta querela, mas, as suas perigosas conseqüências.
Coutinho perdeu seu primeiro embate dentro do pequeno PSB, e foi derrotado numa hora inadequada, até outubro do próximo ano, todas as atitudes dele produzirão conseqüências diretas no resultado do pleito que se aproxima. E no primeiro teste, a turma da Capital foi reprovada.
Imagine que se dentro do pequenino PSB os ricardistas não conseguem colocar ordem na casa, como será para fechar a chapa sem apoio de outros partidos?
Simplesmente terá uma chapa fadada a derrota! Trocando em miúdos, a turma de Ricardo “está pensando que o céu é perto”, estão achando que sozinhos irão estacionar o trem no Palácio da Redenção. Ledo engano.
A solidão é inimiga da política, até o momento, o PSB só tem como aliado com vistas a 2010 o mini, mini, mini PC do B, o qual, sinceramente, tem peso eleitoral nulo.
Os entusiastas da candidatura socialista sonham com o apoio do fraco PT, partido que apesar de estar na Presidência da República, tem expressão fraquíssima na Paraíba, com apenas um misero Deputado Federal e dois Deputados Estaduais. E mesmo não possuindo grandes virtudes, o PT está lost in love pelo esperto José Maranhão, a parte da legenda que delibera apoios já está quase toda devidamente comissionada no Estado.
Outro possível aliado é o dividido PTB de Armando Abílio, só este Deputado Federal com expressão na legenda 14, insiste no apoio a Ricardo, ao mesmo tempo, que conclama a participação de Cássio na mesma chapa. Aí está a questão mais delicada em relação ao próximo ano. Cássio e Coutinho devem (vão) subir no altar?
Sinceramente, contra este matrimônio até o momento só consegui visualizar dois setores:
1° Os que eu mais respeito, as lideranças sem voto socialistas em João Pessoa, pessoas as quais insistem numa visão “romântica” da política, acham que pelo simples fato de Coutinho ser o candidato com visão progressista da máquina pública vai chegar ao Governo, e que, a Paraíba subitamente vai enxergar a necessidade de quebrar esta viciosa dualidade, entre cassistas e maranhistas. Mais uma vez: ledo engano.
2º Os que mais me enoja, os comissionados do PMDB, seja na PMCG ou no Governo Estadual, este outro setor insiste que Coutinho perderá votos numa possível aliança com Cássio. Também não faz o menor sentido. Para a tristeza de muita gente, o governador cassado saiu com um capital político interessante, cerca de 69% de aprovação e mais de 75% da população contra a sua cassação. Números confirmados por dezenas de enquetes seja, na rádio, TV ou internet.
Os números das últimas eleições estaduais também não jogam a favor do edil pessoense, em 2006 para se eleger governador Cássio obteve mais de um milhão de votos, Coutinho nas eleições municipais obteve pouco mais de 262 mil. É claro que numa eleição municipal a votação socialista foi fantástica, agora, numa disputa estadual não chega a representar 1/10 dos votos validados em 2006.
A “união” com Cássio se faz mais do que necessária. O bloco da “capitá”, tende a querer insistir na carreira solo, estão a confundir as eleições municipais, com a complexa disputa a nível estadual.
Aliás, quem mais sairá ganhando com o casamento nem é o clã Cunha Lima, o ex-governador já está com o mandato de Senador de baixo do braço, com ou sem Ricardo, Cássio facilmente vai ser o Senador mais votado em 2010. A ajuda é inversa, RICARDO que PRECISA do empurrão campinense (se é que a família Cunha Lima quer realmente apoiá-lo). Pois, se a citada união no PSB nunca passou pelo Conselho Deliberativo do Partido, no ninho tucano pior ainda.
Enquanto a uma provável ostracização de Coutinho com esta aliança, também não faz sentido, mesmo porque, o maquinista (cabeça de chapa) será Ricardo, ele comandará o trem, e se por ventura, algum vagão descarrilar, caberá tão somente a Coutinho decidir se a carga deve ser tombada.
Montar um programa de campanha baseado nas benesses do Prefeito da Capital, em outros Estados até que poderia ser uma barbada eleitoral, mas aqui na Paraíba, a História recente foi/é marcada pela influência de políticos com atuação no interior, sobretudo, no Compartimento da Borborema.
O “interiorzinho” não vai votar em RC só porque ele é magro, usa óculos e parece com o Smeagol. O processo de encantamento com o eleitorado interiorano é mais complexo que o da capital. Exige articulações com sem número de prefeitos e deputados estaduais, justamente o que o PSB não tem.
O trem pecebista está sendo motivo de chacota nas Estações Interioranas, permanece a vagar pelos trilhos do agreste até o sertão, com os contêineres vazios. Enquanto a Maria Fumaça socialista trafega movida a carvão, o trem-bala maranhista atravessa todo o Estado com inúmeros tripulantes se espremendo em seus corredores refrigerados.
Quem está na oposição, não pode se dar o luxo de escolher passageiros, RC deve carimbar o passaporte de todos aqueles que se sintam encantados pela fumacinha exalada através da chaminé socialista, até mesmo, transeuntes libidinosos, os quais, estejam atravessando a ferrovia, a exemplo, os lacaios da ARENA, Ooops...desculpa, o PFL, eita! Errei de novo! Os colegas do DEM (agora sim).
Está na hora de Coutinho abaixar a cabeça (enquanto é tempo), e ver, que se manter esta postura sisuda vai perder o trem de 2010.
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