quinta-feira, 19 de março de 2009

D.Maranhão I x Montesquieu


Há duzentos anos, no transcurso do Século das Luzes, o ilustrado Montesquieu inventou a mola mestra da democracia burguesa, a idéia da tripartição dos poderes, onde, executivo, legislativo e judiciário dividem o poderio na república,um servindo de contrapeso para os demais, assim, o filósofo francês imaginou ser capaz de controlar, ou melhor, adestrar a democracia.

Pena que Montesquieu não viveu o suficiente para visitar a Paraíba. Infelizmente, este pensador não conheceu o atual governador do estado nordestino supracitado.

D.Maranhão I desafia esta “harmonização do poder”, quando se insinua e oferenda ao judiciário cargos na administração estadual, chegando ao cúmulo de agraciar com uma singela vaguinha na folha de comissionados, o filho de um dos juízes que votou a favor da cassação do Czar Cunha Lima, o pimpolho Rafael Dantas Valengo, recebeu o pomposo ofício de Gestor de Programa Estruturante, órgão diretamente ligado ao Gabinete do Governador.

Com isso, Vossa Majestade põe em prática o Poder Moderador, influenciando nas medidas do judiciário, o qual, inquestionavelmente, vai se alinhando ao império peemedebista em nosso estado. A troca de favores deixa sutilmente de ser travestida, e passa, a perder a vergonha, publicamente através do Diário Oficial as nomeações estão a todo vapor, e mesmo com a imprensa oposicionista estando de olho, D.Maranhão I segue distribuindo sua gratidão aos algozes do monarca cassado.

Outra figurinha atuante no processo de deposição tucana foi agraciada, a genitora do Procurador Regional Eleitoral, José Guilherme Ferraz, foi premiada com uma promoção na Secretaria de Educação.

E para encerrar os contemplados pelo Consórcio Real, a atual Defensora Geral do Estado, indicada pelo imperador-governador, a Baronesa Fátima Lopes Correia Lima, também havia atuado como magistrada na sessão que decretou a cassação peessedebista na Paraíba.

Mas, pra quem está achando pouco as nomeações ainda não pararam, mesmo com a brasa da cassação a mais de 100°C, o Imperador continua a nomear paladinos da justiça, imagine depois que a poeira baixar? Aliás, nestas nomeações que seguem em curso, só falta aparecer algum felicitado com um cargo na máquina administrativa estadual, qualquer felizardo, de sobrenome Grau ou Barboza.

Tamanha está a articulação do PMDB com o judiciário, que é de se desconfiar, o fato pelo qual a audiência para a apreciação do processo de cassação contra o Príncipe Regente Veneziano Vital do Rego Segundo Neto (ufa!), já foi adiada por quatro vezes consecutivas, e, atualmente, espera por mais um drible da banca de advogados do nobre campinense, com o nítido intuito de procrastinar o julgamento.

Como toda corrente política, o “Conselho de Estado” orquestrado por D.Maranhão I não parou no tempo,vem evoluindo, pois se nos idos do século XIX D.Pedro I se limitou a “moderar” o legislativo e o judiciário, o Soberano paraibano inova. Além de meter o dedo médio nestes citados poderes, amplia seus tentáculos, por meio da distribuição de cargos entre a mídia vinculada ao PMDB, daí adivinha quem aparece com as portarias? A família Cavalcanti. Lembra? Aquele povo do “descompromissado” Sistema Correio.

A esposa do digníssimo proprietário do Correio, Sir Roberto Cavalcanti, ganhou sua lasquinha no estado, com a nomeação para gestora do Programa do Artesanato Paraibano, a cara metade do Senador Biônico ficou tão, mais tão feliz que trouxe seu irmão para lhe fazer companhia no novo emprego, o Infante Achilles Leal Filho, ganhou sua vaga na Superintendência do Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual (Ideme).

Ah! Já que o tema é o tour dos comunicadores maranhistas na gestão estadual, não poderíamos deixar de destacar a ex-editora chefe do Jornal Correio da Paraíba, a atual Condessa Lena Guimarães, acabou por ganhar seu condado no Reich de D.Maranhão I, como Secretária de Comunicação de Sua Majestade.

Aos antigos nobres e atuais plebeus cassistas, só resta assistir o deleite peemedebista, e ansiosamente aguardar o Return of the King. Papel que não é tão desprestigiado, afinal, quem segura as colunas do trono é mesmo o povo humilde, que não tem como enobrecer o sangue com um cargo de chefia no Estado, e em meio a briga de Dinastias fica sempre como o Bobo da Corte.

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