quarta-feira, 25 de março de 2009

Vamos à Revolução!


Nas últimas semanas um fato vem chamando atenção nos noticiários campinenses, o movimento de paralisação promovido pelos estudantes contra o reajuste arbitrário da passagem interurbana.

Em meio a letargia que atualmente se encontra os movimentos sociais de maneira geral (salvo o MST), e mais ainda, o movimento estudantil, é de se aplaudir a iniciativa dos estudantes da Rainha da Borborema. Porém, um problema vem seguindo há muito tempo estes “meios de revolta”, a falta de formulação de uma pauta reivindicatória.

O preço abusivo da passagem de ônibus não é o único problema a ser enfrentado pelos estudantes, principalmente, o da Rede Pública, seja de ensino Universitário ou Secundarista. Quando existe a possibilidade de chamar atenção, o movimento tem que enxergar a oportunidade de estender o debate, além do repúdio ao aumento das tarifas, se deve ir mais longe, pegar o embalo e exigir maior responsabilidade do Estado em relação às políticas educacionais.

O calcanhar de Aquiles dos movimentos estudantis é justamente essa “limitação”, não vamos nos ater a exorcizar o sistema de transporte público em Campina Grande, devemos, e torço para que haja uma politização do manifesto no sentido de abordar temas maiores.

É da cultura Brasileira (diria Sérgio Buarque de Holanda, a maldita herança ibérica) se acostumar com a exploração, achar normal o seu próprio sofrimento, e até mesmo, se opor as transformações por mais suaves que possam parecer. Durante o ato dos estudantes nas ruas centrais de Campina, ouvi alguns comentários no mínimo bizarros, pessoas humildes as quais chamavam os estudantes de “baderneiros”, “desocupados” e etc. O que é bem característico da passividade tão inerente ao iletrado povo brasileiro.

Daí vem outra questão, as mudanças só acontecem a partir da juventude, grupo que deve estar conscientizado e unido em prol de mutações, aproveitar o ritmo dos hormônios típicos da mocidade e ir para o embate.

Disputa que por vezes é desproporcional, a atuação entre manifestantes/estudantes e militares/covardes, ao passo, que os últimos agiram com os jovens sob o mesmo expediente o qual destinam a marginais. Imagino o quão é complicado querer que um asno entenda a linguagem da educação, mas, a Polícia Militar (como já é tradição) não tem a mínima preparação para conter tal tipo de manifestação democrática. Aliás, Militar sabe que molesta é democracia?

A situação ainda fica mais melindrosa quando vem à baila a facção da PM destinada a conter a manifestação pacífica estudantil, o “Choque” não é para este tipo de operação, este braço da polícia é para incursões de alto risco, locais onde a polícia convencional não consegue ir, a exemplo, a invasão de presídios. Jamais agir com o intuito de trucidar estudantes, os quais estão “munidos com armas letais”, como mochilas, livros e cadernos.

Jogar a culpa na despreparada Polícia Militar da Paraíba não é solução para as exigências, e muito menos para se achar os culpados, os condenados não estão na hierarquia da PM, soldados apenas marcham com a cabeça de papel, e se não marcharem direito, vão presos pro quartel... O verdadeiro porrete foi dado pelo Prefeito e seus comparsas, foram estes que acionaram a violência institucionalizada da polícia.

Outra questão repugnante do imbróglio advindo com o reajuste das passagens, surge através da omissão dos veículos de (des)comunicação subservientes ao PMDB, a cobertura dos levantes estudantis está limitada a rede de notícia alinhada ao grupo deposto do Governo Estadual, não nos cabe medir quem é pior, o que é válido, é aproveitar a brecha deixada pela disputa intra-oligárquica e usufruir do aparato midiático opositor a gestão municipal. Agudar o movimento, ir até os vereadores de oposição com o objetivo de jogar o balde de insatisfações na sarjeta da política local, enfim, por lenha na fogueira. Porque desestabilizar o adversário é o caminho mais curto para a vitória.

Desta maneira, notícias escabrosas vêm à tona, como o curioso fato da esposa do Magistrado que ratificou o aumento da tarifa interurbana, ter sido comissionada na Prefeitura Municipal de Campina Grande, durante o primeiro governo da família Vital do Rêgo.

Apesar de todos os pesares, o primeiro passo foi dado, paralisar as principais ruas de acesso ao Centro foi de fundamental importância, agora ampliar o debate é fundamental.

Força, coragem e organização aos estudantes de Campina!

2 comentários:

Flávio Renato Ferreira disse...

Concordo em quase tudo, até porque estive nas manifestações de rua, em todos os dias. sobre as reinvidicações, elas são mais de 20 pontos, entre elas: mais respeito aos idosos, pelo fim do aculmulo de função motorista e cobrador, pela ampliação em 4 cadeiras do conselho municipal de transportes(mais 2 estudantes e 2 trabalhadores), entre outros pontos. A luta contra o aumento da passagem se dá como agente mobilizador, como o aumento do salário vai se ter papel mobilizador em uma greve.

sobre a mulher do juiz, ela foi exonerada pouco antes da campanha eleitoral do ano passado, mas ficou de 2005 a 2008 sendo assessora do gabinete do prefeito.

sobre o juiz, essa não foi a primeira decissão polêmica em favor da prefeitura, inclusive já foi várias vezes representado ao Tribunal de JUstiça, por suas condutas partidarias.

sobre o debate na sociedade, proxima terça haverá sessão especial na camara de vereadores sobre o sistema de transportes de Campina GRande.

sobre a imprensa, só o que se pode dizer é que no Brasil se exerce sempre o direito de empresa, onde os editores cortam as matérias contrarias aos seua pdrinhos políticos, como ocorreu em alguns veiculos.


um forte abraço e vou ver se no final de semana passo na tua casa!!!


Flávio

Aninha Santos disse...

Oi politiqueiro! Gosto do seu blog, tanto que listei como um dos 15 blogs que valem a pena ser acompanhados pelos meus leitores. Parabéns pelo trabalho lúcido. Abraço, Ana.