quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A Vingança do Zé


A política é cheia de atos estranhos, a anulação dos votos do X-governador Casse-o, acabou por premiar as articulações paralelas ao Executivo, pois não é surpresa para as pessoas que acompanham o cotidiano politiqueiro, o relacionamento um tanto o quanto, mais que amistoso entre a cúpula do PMDB estadual e o Judiciário, questão a qual se torna ainda mais proeminente quando vem a baila a postura da notável influência do Senador Sarney frente a Suprema Corte brasileira.

Este processo após percorrer a via crucis chega ao fim antes da páscoa, o “cristo” já foi alvejado, agora resta-nos o novo messias, um senhor de pouco mais de 70 anos e menos de 1,70m de altura, São José Maranhão. Entretanto, como ele conseguiu?

Não consigo imaginar a tomada do poder pelo PMDB sem levar em conta a intensa manifestação do Sistema Correio, particularmente, creio ser em disparado (logo depois da insanidade da curriola cassista), o principal responsável por todo o processo de cassação. Para tanto, vamos rebobinar a fita...

Após o término da disputa em 2006, no dia seguinte a promulgação do resultado, o Correio, seja na rádio, TV ou jornal escrito, já “denunciava” a distribuição, inclusive, estampando na capa de seu jornal cópias do famoso Cheque FAC, mais conhecido como o Força para Ativar Cassação. Toda uma cartilha de pressão ao judiciário foi montada, e nestes últimos 26 meses, não houve um único dia que a cassação não entrasse nos noticiários daquele sistema de informação. Daí surge outra questão, mas por que tanto interesse?

Motivos para tanto não faltam, contudo, para não ser cansativo basta elencar dois:

1º As imensas quantias das verbas publicitárias, não só com a veiculação de informes do governo, como também, na produção das chamadas. Podem acreditar, milhões são gastos com este fim, agora boa parte deste montante estará depositado na conta do Sr. Roberto Cavalcanti.

2º O já citado proprietário do Sistema Correio precisa da famigerada imunidade (não seria impunidade?) parlamentar, os processos que correm contra a sua pessoa haviam sido retomados em janeiro deste ano, agora com sua chegada ao Senado, irão encalhar até quando só Deus sabe...

Contra o proprietário deste mini império de comunicação, pesam mais de 90 processos judiciais (olha que arredondei pra menos), de toda ordem que você possa imaginar, Cavalcanti tem ações que vão desde corrupção ativa, estelionato a formação de quadrilha, em nada mais, nada menos, que três estados (Paraíba, Pernambuco e Rio de Janeiro), sem contar os processos na Justiça Federal. Se tem alguém achando pouco, só no processo conhecido como “escândalo da fazenda”, foram mais de R$ 500 milhões sonegados, o ilustre Senador Biônico, é filiado ao PRB (o partido da Igreja Universal) cujas fileiras estão o Bispo Marcelo Crivella e Edir Macedo. Talvez, se o justiceiro Joaquim soubesse das conseqüências da posse imediata do Zé, teria diplomado o único candidato que não utilizou máquina alguma, Davi Lobão.

O Sistema Correio conseguiu algo espetacular, conseguiu manter na mídia um político que já estava há 6 anos longe do Executivo, o qual passou desapercebido no Congresso, e por abordar este tema, durante o ano de 2008 o Senador Maranhão recebeu mais de R$ 33 milhões, entre salários e verbas de gabinete, em compensação apresentou 1 requerimento naquela Casa legislativa, e adivinhe sobre o quê era? Lhes digo: homenagem ao transcurso de 10 anos do falecimento de Humberto Lucena. Uma participação pífia no Senado que não atrapalhou sua aparência como líder político.

A posição de Maranhão como cacique se faz bastante curiosa, o senador-governador não sabe nem sequer montar a chapa, havia escolhido como vice um personagem que atua na zona a qual o próprio Zé é forte (a grande João Pessoa), ignorando na composição da majoritária regiões onde sua presença é fraca, como o compartimento da Borborema. No período eleitoral se “amarra com recursos” em benefício de sua própria candidatura, e ainda, é péssimo nas aparições midiáticas, como nos debates, e mesmo assim é incontestavelmente um líder estadual, graças a quem? O Sistema Correio.

Só a título de curiosidade, vale lembrar que este inimigo cruel do clã Cunha Lima já foi um íntimo aliado, a época do Governo Ronaldo, o Correio funcionava como espécie de panfleto partidário do PMDB, que naquela ocasião dominado de maneira absoluta pelo então governador Cunha Lima, o ódio contra esta família, só surgiu após o racha em 1997, quando Cavalcanti, preferiu se manter ao lado do Diário Oficial a ficar esperando um retorno de Ronaldo a governança estadual.

Destarte, o trabalho já foi concluído, Casse-o foi deposto, se foi por incompetência do PSDB ou não é outra história, o que quer se abordar aqui, é o poder do aparato comunicativo do Correio. Como já havia dito no artigo anterior, ratifico, o alvo agora está nas costas de Coutinho, afinal, só o socialista pode(rá)impedir a reeleição do Zé.

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